Foram poucos passos até minha mente ser agraciada pela linda voz do pastor silas malafaia, pelo menos eu chuto que era, vinha da casa da senhora que varria sua calçada, em uma tentativa falha de encontrar alguém para prosear sobre a vida alheia, a altura do radio era no minimo questionável, porem o que me chamou atenção mesmo, afinal eu estava cagando para o que ele tem a dizer, foi uma simples frase, gritada, com toda força que um ser humano pode colocar em seus pulmões, eu não podia ver seu rosto, mas facilmente imaginei as veias do pescoço saltando como vermes bem alimentados, os olhos esbugalharem, o toráx inflar, parecia um vocalista de uma banda de metal gritando aos seus fãs em um palco enorme em busca de mais, a frase foi o seguinte, só imagine:
"EU NÃO TOLERO NENHUM TIPO ATO HOMOSEXUAL, NUNCAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA x100000"
É nesse ponto onde o post/barraco tem inicio,
- Qual a graça garoto? Ele não contou uma piada. - os olhos parecendo os de um tigre fitando sua janta.
- Eu achei engraçado, você não? - tentei retomar minha caminhada, eu não queria saber a resposta, fui impedido por mais perguntas, não fui forte o suficiente.
- Você acha engraçado? Garoto homossexualidade é um problema...,- a frase dela foi bem mais longa que o digitado anteriormente, sei que foi, mas eu não me recordo os detalhes, mas imaginem, para não faltar nada a essa crônica moderna, que ela incorporou o próprio malafaia, o mesmo discurso sendo dito por uma outra pessoa, que convenhamos não deve ter se quer questionado o que fala.
- Eu acho engraçadão demais da conta, deixa a galera se amar, dar o cu e tal, qual o problema - eu respondi assim mesmo, eu tinha acabado de acordar não me julguem.
A senhora que antes varria com fervor, parou, olhou nos meus olhos, estática, julgadora, colocou sua vassoura em frente ao corpo, como um escudo anti blasfêmia, soltou um "ta amarrado" e prosseguiu quando se sentiu segura no que se diz respeito as merdas que eu falava.
- Mas como pode garoto, um homem não pode se relacionar com outro, o mesmo sobre mulheres com outras mulheres, isso é PECADO.
- Pecado? me faça um favor, essas pessoas nunca fizeram mal a senhora, nunca vieram fazer sexo anal na sua calçada, nunca jogaram porra na sua casa, se o pensamento nasce o livre o cu deveria ser também não é mesmo? - a cada palavra ela tremia em ódio, dava pra ver dentro dos olhos dela, um reflexo turvo do que ela imaginava, eu juro que me vi preso a uma madeira sendo chicoteado por meus pecados.
- Como você pode falar esse tipo de coisas para uma senhora? você não tem respeito com os mais velhos? você é gay? - o sorriso largo denunciava a ingenuidade daquela velha senhora, ela realmente achou que ia calar a boca do meliante que morava algumas casas de distancia da sua, ou ela esperava um garoto no ódio, não rolou, o que é engraçado ela achar certo infernizar a vida das pessoas só pelo fato delas terem escolhido algo fora do seu quadrado denominado Bíblia,
- Você fala sobre respeito, mas não respeita a escolha do próximo, amiga você está tão errada quando Hitler estava.
- Quem?
- Olha amiga - sim, eu estava chamando ela de amiga, só pra ver o ódio se manifestar na sua forma mais pura e verdadeira- você não sabe nem quem é Hitler não quero mais falar com você, adeus.
- Eu ainda não terminei garoto volta aqui.
Eu já tinha me virado para prosseguir rua acima mas senti que faltava algo, algum comentário, algum olhar, não sei ao certo o que faltava, quando vi já tinha feito, me virei novamente, e disse como um ultimo recadinho para minha nova amiga:
- Amiga relaxa o cu vai, ninguém gosta de gente assim sabe?
Fui embora não quis ficar para ouvir o resto, Quando retornei já com meu pão de queijo, vi a minha amiga proseando com mais duas amigas, provavelmente sobre como eu sou maligno gay e dou a bunda, pelo menos eu não fico contando tudo sobre todo mundo para os 4 ventos.
Sim acabou e se você chegou até aqui, meus parabéns você é um lindo(a), volte outro dia e relaxa o cu, sorria e seja uma pessoa mais agradável, se possível, se não for, sintase a vontade para ser escroto também, afinal você é livre, ou algo assim.
Nego, se cê melhor essa escrita, vira uma ÓTIMA crônica.
ResponderExcluirNa moral mesmo, teve a quantidade de cotidiano, humor e informalidade perfeita. 10/10, escreve mais dessa merda