Agora que estamos todos fodidos com relação a nossa situação política, depois do excesso de álcool no rolê de fim de ano, posterior aqueles abraços distribuídos a tudo e todos, venho aqui, sem muitas esperanças, pedir para que possamos ser pessoas melhores, mas em que sentido Mercel?
Não falo de superioridade, longe disso, digo "melhor" num sentido de soma, de transformação, de ser melhor para com os outros e para consigo, falo de um olhar aberto a possibilidades futuras, acolhedor, sincero, de transformação constante e sem finalidades pré estabelecidas, falo de olhar para o passado e reconhecer que podemos, sim sempre podemos, ser melhor do que fomos ontem e assim quem sabe não podemos transformar a nossa experiência na terra, enquanto dividimos esse minúsculo planetinha que é 70% água
Sendo assim, dentro dos seus limites, dentro de suas capacidades, independente de crenças, religiosas ou não, independente de passado e futuro, vamos fazer do agora algo melhor, vamos tirar de nós e do outro o melhor que podemos ser, enquanto fugir disso, menos humano você será.
Agora voltamos a programação normal em um texto aonde me fodo e faço piadas disso, só vem meu querido(a)...
Era verão, o sol acima da cabeça de todos ardia sem se importar com quem estava sob sua influência, mas a questão interessante é que ali, naquele lugar mágico, o sol é mais que bem vindo, se faz necessário a presença dele para que aquele lugar não perca parte de seu brilho, realmente a praia transforma a mente do ser humano.
Onde que a combinação de areia em abundância, sol poderoso/inquestionável mais água salgada, também conhecido como "mar", pode ser tão interessante? Me faltam respostas para esse questionamento.
Estava eu, no auge dos meus 18 aninhos, curtindo aquele momento na praia aonde você se pega pensando: "puta merda, talvez eu esteja bêbado", até que resolvi entrar no mar, situação comum e já realizada anteriormente.
Porém dessa vez, dois fatores diferem, 1° resolvi pegar emprestada a prancha do menino que estava conosco, daquelas que tem matade do tamanho de uma prancha normal, que parece a tampa de um cooler, é essa mesmo. 2° a minha estupidez estava em dia naquele momento, e sinceramente, NUNCA podemos subestimar nossa própria estupidez.
Gente estupida subestima sua própria estupidez.
De qualquer forma entrei no mar com a prancha, encontrei meu irmão já se banhando nas águas salgadas, conversamos brevemente até que me veio a ideia que, possivelmente beira o ápice da estupidez juvenil e inconsequente, alcançar o barco mais próximo.
Qualquer ser humano pensante, que estivesse disposto a refletir brevemente sobre suas ações, saberia que essa ideia, além de estupida tinha um toque mortífero em sua estrutura.
Obviamente que só me empolguei pra cacete com a possibilidade de superar meus limites e me atirei nessa missão, completamente imbecil e questionável.
Meu irmão, tão ou mais estupido que eu, sequer pensou em impedir, na verdade o gênio resolveu me acompanhar, nem prancha ele tinha pára justificar tamanha burrice e falta de raciocínio lógico.
20 segundos depois ele estava se afogando, num reflexo que só consigo classificar como instinto fraterno, fui até o desgraçado, entreguei minha prancha pra ele e disse, num tom heroico:
- Bibi vamos nadar até a praia porra!- Os olhos ardendo em convicção.
Já dispenso elogios referentes a minha atitude, nem tenho o coração tão bom assim, sinceramente era medo de ouvir merda até o infinito, se alguém fosse morrer que fosse eu, gente morta não tem que ouvir mais nada, de ninguém. Além da minha atitude ser de uma burrice sem tamanho, afinal era só dividir a prancha e voltar aos poucos, mas não é assim que a estupidez trabalha.
De toda forma assim que iniciamos a missão retorno, era eu que estava me afogando.
Sinceramente não desejo algo assim para ninguém, minha descrição passa longe da realidade a qual estava inserido naquele momento, me faltava força, apoio, possibilidades de sucesso. A morte naquele momento me mandou oi, era só uma questão de tempo.
Desci e subi umas três vezes, na quarta realmente aparentava ser o fim.
Me recordo de pensar várias coisas, várias mesmo. Principalmente depois que cheguei a conclusão que ia morrer ali. No meu último momento, antes de desistir de fato e aceitar o doce beijo da morte pensei: "Nossa eu vou morrer sem ver o Naruto como hokage".
É isso mesmo que você leu, sou desses.
De qualquer forma, posterior a esse pensamento, fechei os olhos e comecei afundar, no mesmo instante um braço sarado, da grossura de uma árvore milenar adentrou o mar, com a força de um trovão e a precisão de um cirurgião, me pegou pelo "suvaco", me tirou do mar no mesmo movimento, me colocou num jet sky e partiu rumo a areia.
Só me recordo de sua regata amarela e de seu grito:
- SEGURA GAROTO!
Era como abraçar rocha, o cara era duro, parecia que seus músculos eram uma armadura natural.
O que sucede o resgate nem é tão relevante assim, o salva-vidas me xingou bastante ao descobrir minha idade, questionou minhas capacidades cognitivas e me avisou de algo que já deveria saber:
- Garoto o mar não perdoa gente burra, fica ligeiro e você pode curtir de boa, valeu?
- Pode cer senhor, desculpa. - Respondi, sem graça.
Voltamos os dois para a galera que estava conosco, no caso nossa família, eles sequer tinha visto toda essa movimentação, claramente perdemos a prancha do amigo que estava conosco e adquirimos conhecimento.
Por fim pedi dinheiro para comparar um picolé de limão, no meio do picolé, distante de todos, olhando o mar, meu irmão me solta a seguinte frase:
- Cara talvez você não estivesse aqui para dividir esse sorvete comigo, se não fosse o salva vidas né?
- Sim. - Respondi ainda me recobrando.
Bom esse é o tipo de texto que faz esse blog viver, espero que você se lembre de sempre refletir sobre sua própria estupidez e também que o mar, REALMENTE não perdoa sua burrice, no mais é isso, espero ver vocês bastante aqui esse ano, beijos de luz e passem protetor solar.
Ass: M.O.P.
ps: bibi te amo cara.
ps²: Sim meu último pensamento foi sobre Naruto.
ps³: Aquele foi o picolé mais delicioso que já tive a oportunidade de consumir.
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