Veja bem, a intensidade com que absorvemos o que nos envolve, ou mesmo, com que despejamos coisas para fora de nossa casca protetora da alma, diz muito a respeito de quem realmente somos, ou ao menos, de quem pretendemos ser.
Não precisa ir muito distante na busca de exemplos, assistindo algo que chama sua atenção, conversando com alguma pessoa especial para você, a intensidade pode transformar experiências descartáveis em algo memorável, em energia além da matéria.
De certo a intensidade com qual nos deparamos, nos transforma, nos leva a outras possibilidades, afinal, quem nunca comeu o "melhor" pastel da vida, pós rolê insano, que atire o primeiro julgamento; então dentro desse contexto, essa postagem de forma sincera e talvez meio exagerada, narra um breve momento, breve e intenso envolvendo um bombom.
Essa situação toda envolve um humano e um bombom, no caso o humano sou eu, como de costume nesse blog com tendências narcisistas.
O bombom era o sensação, isso mesmo, aquele com o liquido de morango em seu interior, aquela mistura maravilhosa de morango com chocolate, que somente ganha o significado esperado com algumas explicações, então vamos a elas.
Dentro de toda residência existem dinâmicas, que somente a convivência constrói, algumas tem suas bases já estabelecidas faz anos, são basicamente regras não escritas, mas muito bem conhecidas e difundidas dentro de seu próprio contexto.
Seja aquele membro da família que faz tudo menos lavar banheiro, aquela que não come determinada mistura, aquela foto em família pré rolê quase ritualística, o motorista da família, esse tipo de coisa existe, é tão real quanto o café que gostaria de estar tomando agora.
Esse sensação, que de fato se destacava no meu campo de visão, entre tantos outros bomboms, ganha outro significado graças a uma dessas dinâmicas familiares, que num resumo, em prol do ritmo da narrativa seria o seguinte: O sensação tem dono, minha mãe.
Essa abordagem é tão simples e respeitada no meu cotidiano, sequer conseguia lembrar o gosto desse maravilhoso bombom, isso até aquela noite no apartamento do príncipe Nick.
Levando isso em consideração voltamos a cena inicial, o sensação na caixa, todo pleno em sua breve existência, o humano em pé olhando-o profundamente, tocado com aquela cena, é foi bem ai que tinha parado.
Respirei fundo, agarrei o bombom e fui até o sofá.
Essa maravilha intocável dentro da minha realidade já me afetava, isso antes da mordida inicial.
Sentei no sofá, enquanto encarava o item em minhas mãos; como quem encara algo a muito esquecido, tomei coragem, abri a simples embalagem, mordi metade dele e fui pro
Minha alma quase se mudou junto com o bombom para alguma lacuna, longe de minha existência, não levaria malas nem nada.
Literalmente fui além junto daquele bombom.
O sabor foi tomando conta dos meus sentidos, os olhos se fecharam rápido, aquele momento me transportou para um estado de prazer alimentício que, de forma simplista e pouco apegada a detalhes; seria próximo ao meu paladar se expandir por todo o meu corpo.
Quando passou essa relação "quase-sexual" dentro da minha boca pude abrir os olhos, com calma, ainda afetado pela experiencia anterior.
Fitei a outra metade do chocolate com pena de terminar, aquele que estava sendo, sem dúvidas, um dos chocolates mais incríveis da minha vida.
Tive que buscar auxilio com meus companheiros de rolê, em momentos de muitas dúvidas qualquer repostas pode ser útil.
- Galera estou com muita dó de terminar esse chocolate. - Disse meio borocoxô, murchinho.
- MARCEL, PARA TUDO. - Disse letícia, uma das companheiras na missão rolê, quase que gritando.
Leticia, para fins de construção de narrativa, estava sentada na minha frente, é a princesa do apartamento onde estávamos, tinha um copo de vinho em mãos e estava de olhos arregalados enquanto continuava a falar:
- Juro que não ia falar nada, mas nunca vi alguém comer um chocolate assim, com tanto prazer.- Ela mexia o corpo numa imitação de prazer exagerado.
- Le, o que você viu? Exatamente. - Questionei com um pouco de medo.
- Eu vi tudo Marcel, tudo. - Ela disse olhando nos meus olhos.
Esses momentos onde você tem certeza que não tem ninguém te observando costumam ser perigosos, ao saber que alguém tinha assistido minha breve aventura com o bombom, fiquei completamente sem graça.
Realmente tinha acontecido uma coisa especial ali, de forma alguma, tinha plateia envolvida nesse meu lance com o chocolate, após absorver essas verdades questionei:
- Tudo?
Vai saber de que parte ela tinha pegado a cena né?
Então a resposta veio como um trem, sem planos de frear na primeira curva.
A princesa tinha presenciado algo memorável em seu castelo, agora iria compartilhar com os presentes.
- Marcel, você ficou encarando a caixa de bombom por alguns, vários, segundos.
- Você viu tudo mesmo né?
- Sim.
Quando pensei estar completamente sozinho no meu momento, envolto em meus próprios sentimentos, descobri uma platéia bem atenta ao que se passava bem na sua frente, as explicações que se sucederam foram maravilhosas.
Não vou entrar em detalhes, pois creio que o excesso deles poderia ser pouco pertinente, especialmente para o que se pretende com o texto; mas imaginemos o seguinte: 1° Eu estava tão envolvido no momento que nem passou pela minha cabeça alguém me observando, 2° A princesa estava num ângulo completamente favorável a contemplação, 3° Ninguém ali se programou para vivenciar algo tão intenso.
Sendo assim, dentro do que compreendo como realidade, algo bem interessante aconteceu, bem ali, na simplicidade de um bombom.
O que senti, não necessariamente, é o que foi visto.
Da mesma forma o que foi visto, não é especificamente o que eu senti, ou seja, são interpretações sobre algo que talvez jamais possa ser compreendido em palavras.
Foi a tradução de uma intensidade existencial, simples, sincera e com várias camadas de diálogos.
O que só tornou tudo muito mais interessante.
Naquela noite, dentro do castelo, um chocolate trouxe a tona toda uma reflexão sobre a vida e seus vários aspectos maravilhosos.
Essa breve situação, narrada em seus detalhes mais pertinentes chegou em seu momento de conclusão. Se posso deixar uma dica para você, que se deu ao trabalho de ler toda essa baboseira, quero dizer o seguinte: Com ou sem toda essa intensidade, as coisas ao seu redor podem ser diferentes, sempre podem. Pense nisso da próxima vez que você comer um bombom.
Ass: M.O.P.
Revisão: Theba.
Ps: Eu terminei de comer a outra metade do chocolate com a certeza que tinha alguém me observando, não foi tão mágico da segunda vez.
Nenhum comentário:
Postar um comentário